Deputado Beto Pereira anuncia desfiliação do PDT
- ms380news
- 1 de jan. de 2016
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Após quase seis meses de discussão partidária, o deputado estadual Beto Pereira conquistou na Justiça o direito de deixar o PDT sem o risco de perder o mandato por infidelidade partidária. Ele ainda não confirma, mas o destino mais provável é o ninho tucano, do governador Reinaldo Azambuja, pelo qual já atua como vice-líder na Assembleia Legislativa.
“Eu estava descontente com o comando partidário e ingressei como uma ação judicial para que eu pudesse me desfiliar do partido sem haver nenhum tipo de questionamento jurídico depois. Quanto ao mandato, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) entendeu que existe argumentos suficientes para a minha desfiliação”, explica.
O parlamentar entrou com ação por grave discriminação pessoal e recebeu decisão favorável dia 19 de dezembro, ficando livre para discutir com outras legendas. Sobre as especulações de que assumiria a liderança definitiva do governo na Assembleia, o ex-pedetista desconversa e enfatiza que, apesar do convite, ainda não definiu se realmente vai ficar no PSDB, pois não conversou com Reinaldo Azambuja.
No adeus ao PDT, ele avalia que o partido teve altos e baixos no relacionamento com o governo tucano, desde que se dividiu entre o apoio à chapa do atual governador e do então candidato, senador Delcídio do Amaral (PT). Em relação à presidente Dilma Rousseff (PT), ele afirma que o partido adotou “uma posição equivocada” por “fazer troca de choque hoje para um governo reprovado por 90% população”.
O desgaste entre Beto Pereira e o partido começou em junho, durante as eleições da Executa Estadual, quando o hoje presidente regional da legenda, deputado federal Dagoberto Nogueira, realizou uma mudança de última hora na chapa de consenso. Os militantes deveriam registrar uma chapa de 70 nomes, mas Dagoberto alterou sete indicações apenas um dia antes da votação.
Com a atitude, os deputados estaduais travaram a votação do diretório e lançaram uma nova chapa para concorrer a Executiva da legenda. “Fui procurar o Dagoberto para questionar as mudanças. Ele disse eu sou presidente, o Carlos Lupi (presidente nacional do PDT) só me aceita. Foi o que eu ouvi do meu deputado federal. Onde fica o sonho daquele que pensa em alçar voos maiores? Não é esse o partido que eu sonhei em construir e sim o que deixa o militante falar”, alfinetou Beto, na ocasião.
Em resposta, Dagoberto classificou o discurso do correligionário como um “monte de besteiras” e afirmou que apenas não consultou Schmidt sobre as alterações, pois não conseguiu encontrá-lo em Campo Grande. Além disso, acusou o deputado de articular uma ação para “criar constrangimentos” na frente da direção nacional e do ministro do emprego e do trabalho, Manoel Dias, que esteve na Capital participando do evento.
“O PDT não tem dono, não leva, não entrega. Nós vamos tomar as nossas decisões na hora de tomar. Na Câmara estamos votando e ninguém coloca cabresto em nós. Nós tínhamos uma posição e ele [Beto] não ficou conosco, bandeou para o lado do governador eleito e eu fiquei até o fim com a posição do partido. Foi o Schimdt que me procurou e disse que não queria mais a presidência do partido, disse ‘estou com quase 80 anos, quero que você assuma’”, frisou.
Segundo Beto, o episódio marcou apenas o início das divergências que se acentuaram durante o período, principalmente em relação as diretrizes partidárias. De malas prontas, Beto afirma que o atual presidente dirige a legenda de forma “personalista” e não aceita debate de ideias ou o crescimento de seus correligionários. Com as alterações, a bancada pedetista na Assembleia perde força, contando apenas com Felipe Orro e George Takimoto.